AUTOR
Anderson de Almeida
A NBR 6122/2010 – Projeto e execução de fundações define a Estaca Strauss como uma estaca executada por perfuração do solo com uma sonda ou piteira e revestimento total com camisa metálica, realizando-se o lançamento do concreto e retirada gradativa do revestimento, com simultâneo apiloamento do concreto.
A estaca Strauss foi desenvolvida com o objetivo de substituir as estacas pré-moldadas que produzem forte vibração e ruído ao serem cravadas no solo. Na Europa e Estados Unidos, a estaca Strauss foi largamente utilizada desde o início do século e se tornou popular no Brasil apenas depois da Segunda Guerra Mundial. Apesar de utilizar uma máquina considerada ultrapassada para a escavação do solo, se comparada a outras estacas, como a hélice, por exemplo, continua sendo uma das opções mais utilizadas no mercado pela construção civil, por ter bom custo benefício, poder ser realizada em qualquer tipo de solo, precisa de pouco espaço se comparada a outros tipos de fundações e pode ser realizada com a presença de ÁGUA.
O equipamento conhecido como bate-estaca consiste de guincho, tripé, pilão, tubos, guia e sonda. A escavação é feita através de um tubo que pesa em torno de 700 kg com um diâmetro um pouco menor do que o tubo de revestimento.


Como todo tipo de fundação, a Strauss apresenta algumas vantagens, desvantagens e limitações.
Vantagens
- Custo/benefício favorável.
- Não gera vibrações no solo suficientes para danificar edificações vizinhas. (No entanto, é sempre recomendado realizar laudo pericial em todas as edificações no entorno da obra para evitar futuras reclamações sem fundamentos de vizinhos que querem se aproveitar da situação).
- Acessibilidade – Devido a sua leveza e dimensões reduzidas, a Estaca Strauss apresenta uma agilidade muito grande no canteiro de obras, conseguindo assim executar estacas tanto em terrenos acidentados, quanto em locais confinados;
- Proteção do Fuste – Como a estaca Strauss é encamisada do começo ao fim, pode ser utilizada em terrenos com presença de água, onde o fuste fica protegido pelas camisas de aço;
- Otimização do Material – Por ser moldada in loco, e concretadas uma a uma, a perda de material é quase zero, tendo seu comprimento sempre certo e cota de arrasamento previsto em projeto.
Desvantagens
- Geralmente produz muita lama (isso varia com o diâmetro e a profundidade das estacas);
- Capacidade de carga até 600kN;
- Apresenta dificuldade para escavar solo mole de areia fofa, por causa do estrangulamento do fuste.
Limitações
- Produção diária de no máximo 40 m por dia;
- Dependente de mão-de-obra tornando o processo mais lento (uma vez que exige a desmontagem do tripé e trocas dos tubos);
- A qualidade do concreto pode ser comprometida, pois o mesmo geralmente é feito manualmente e produzido no local da obra;
- Cravação da máquina em solo com NSPT máximo de 25;
- Execução de estacas até 20 m de profundidade.
Comercialmente são executados diâmetros de 25, 32, 38 e 45 cm.
Com relação aos métodos de cálculo, os métodos semi-empíricos, baseados em ensaios in situ, são os mais utilizados.
O método de Aoki-Velloso foi elaborado considerando correlações com o ensaio CPT, porém, como não é muito utilizado no Brasil, o valor da resistência de ponta qc, pode ser substituído por uma correlação com o NSPT, através de um fator k, que depende do tipo de solo. Os fatores F1 e F2 são fatores de correção de escala, devido à diferença do comportamento entre a estaca e o ensaio do cone e a influência do método executivo, tipo de estaca.

O método de Décourt-Quaresma (1978) e atualizado por Décourt (1996), leva em consideração o NSPT e introduz os fatores a e b,à resistência lateral e de ponta, respectivamente para a utilização da equação para o uso em estaca escavada, estaca hélice contínua, estaca raiz e estacas injetadas sob pressão, uma vez que o método foi elaborado com base em resultados de provas de cargas executados em estacas pré moldadas e estaca Franki.

Este tipo de fundação é muito utilizado em empreendimentos de pequeno e médio porte por seu excelente custo benefício, e a possibilidade de ser executada em terrenos com nível d’água, uma vez que ela é revestida. Porém muitas vezes, já presenciamos situações em que o cliente solicita a execução deste tipo de estaca, mas não realizou a execução de um projeto ou de uma sondagem, que é a investigação mínima que deve ser realizada para qualquer tipo de obra.
Então ao iniciar uma obra, ou no decorrer dela nos deparamos com situações em que no projeto foi especificado profundidade até a resistência, ou situações em que foi previsto uma metragem de 10m, mas em 3m, a máquina não consegue mais avançar, e até situações em que ao retirar o revestimento a estaca recalcou 1m.
A escolha pelo tipo de fundação em Estaca Strauss deve ser feita por um engenheiro civil geotécnico, após a análise das sondagens e das cargas da estrutura.
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